Ícone da sessão Anfíbios: Rústico, o mascote do projeto

Características gerais

Existem mais de oito mil espécies de anfíbios no mundo. O nome do grupo vem do grego amphi: duplo; bio: vida. São animais que apesar de viverem geralmente na terra, dependem diretamente do ambiente aquático para sobreviver e reproduzir. De modo geral são mais ativos à noite, depois que o sol se põe, evitando maior perda d’água durante o dia. Além de respirar pelos pulmões, a pele úmida e fina dos anfíbios também auxilia na respiração, assim eles conseguem captar mais oxigênio, tanto na terra quanto na água.

Boana cf. curupi. Foto: Jonas Toscan
Boana cf. curupi. Foto: Jonas Toscan
Macho de Vitreorana uranoscopa vocalizando. Foto: Caio Marinho
Macho de Vitreorana uranoscopa vocalizando. Foto: Caio Marinho

Você já prestou atenção aos sons de uma floresta à noite? Ou mesmo em um quintal com algumas árvores? Se sim, provavelmente deve ter ouvido um sapo ou perereca coaxar. Este comportamento de canto ou vocalização é realizado pelos machos. Graças a um saco vocal que inflam de ar, os machos de sapos, rãs e pererecas conseguem emitir sons. Cada espécie possui o seu próprio padrão e é através desse canto que os machos atraem as fêmeas para a reprodução. O canto também pode servir para demarcar o território e afastar outros machos invasores.

Quando o macho consegue chamar atenção da fêmea e ela o aceita, ele geralmente se posiciona acima da fêmea abraçando-a. Este momento é chamado de amplexo, sendo um abraço nupcial que deixará as cloacas do macho e da fêmea mais próximas, possibilitando a fecundação. Em grande parte dos anfíbios a fecundação é externa, ou seja, a fêmea deposita os óvulos na água e o macho deposita os espermatozoides por cima deles, ocorrendo a formação dos embriões.

A maioria dos anfíbios tem uma fase larval aquática, chamada de girino. Durante essa fase larval a respiração deles é semelhante à dos peixes, através de brânquias. Mas nem todos os anfíbios tem girinos, alguns já nascem como uma miniatura similar ao anfíbio adulto.

Casal de Scinax fuscovarius em amplexo. Foto: Caio Marinho.
Casal de Scinax fuscovarius em amplexo. Foto: Caio Marinho.
Desova de Vitreorana uranoscopa com embriões em formação. Foto: Caio Marinho
Desova de Vitreorana uranoscopa com embriões em formação. Foto: Caio Marinho
Girino de riacho. Foto: Jonas Toscan
Girino de riacho. Foto: Jonas Toscan

Alguns sapos, rãs e pererecas são capazes de produzir substâncias consideradas tóxicas. Algumas pererecas verdes produzem uma toxina em sua pele que as deixa com sabor ruim ou que irrita o estômago do predador. Uma serpente por exemplo, que engolir o animal inteiro, acaba vomitando e a perereca consegue sobreviver. Alguns sapos como o sapo cururu tem grandes glândulas na cabeça que produzem uma substância leitosa e que é liberada quando se pressiona a glândula, com as mãos ou com uma mordida, por exemplo. O veneno pode causar intoxicação, convulsão e até a morte em caso de ingestão, comum em cães que acabam atacando o anfíbio. Algumas rãs também produzem substâncias irritantes, semelhantes à pimenta. Tocar no animal e depois levar a mão aos olhos, nariz ou boca pode causar bastante desconforto.

Imago (fase entre girino e anfíbio adulto) de Aplastodiscus perviridis fazendo tanatose (fingindo de morto). Foto: Jonas Toscan
Imago (fase entre girino e anfíbio adulto) de Aplastodiscus perviridis fazendo tanatose (fingindo de morto). Foto: Jonas Toscan

Uma outra curiosidade sobre os anfíbios é a sua capacidade de fingir de morto. Como um truque que você ensina ao seu cachorro, alguns anfíbios quando afrontados por um predador, relaxam suas pernas e braços, e ficam imóveis, mesmo quando tocados. O comportamento é chamado de tanatose e pode fazer com que o predador perca o interesse neles como alimento, por já ser uma presa morta.

Importância

Os anfíbios são importantes na manutenção do equilíbrio ambiental pois são tanto presas quanto predadores de diversos outros seres, participando de grande número de cadeias alimentares. Grande parte das moscas, mosquitos e insetos de modo geral, inclusive pragas agrícolas, são alimento de vários anfíbios.

Muitas espécies de anfíbios são bioindicadores de qualidade ambiental, pelo fato de serem animais muito sensíveis e dependentes tanto do ambiente terrestre, quanto aquático, bem conservados. Diversos medicamentos e outros compostos químicos úteis para a indústria foram produzidos a partir de compostos químicos obtidos das secreções de suas glândulas na pele. À medida que as diversas infecções bacterianas adquirem mais resistência contra antibióticos, substâncias encontradas na pele de anfíbios apresentam-se como muito promissoras para a descoberta de novos medicamentos.

Ameaças

As populações de anfíbios estão expostas a diversos fatores que ameaçam a sua sobrevivência, o mais importante deles é a perda de habitat devido à destruição de florestas para o avanço urbano e agropecuário. Além disso também são ameaças a introdução de espécies exóticas; a presença de contaminantes no ambiente onde vivem, como agrotóxicos; e doenças infecciosas emergentes, como a causada pelo fungo quitrídio Batrachochytrium dendrobatidis.

Os anfíbios são o grupo de vertebrados terrestres mais ameaçado de extinção no mundo. Muitas espécies de anfíbios foram extintas nas últimas décadas, e muitas estão ameaçadas de extinção, inclusive aqui no Brasil. De modo geral, os anfíbios são animais muito sensíveis, devido à sua pele altamente permeável, uma distribuição geográfica muito restrita de algumas espécies, e desta forma sofrendo muito com as alterações ambientais.

Curiosidades

Em alguns lugares as pessoas acreditam que sapos são machos e pererecas são fêmeas, mas isto não é verdade! Estes são tipos diferentes de animais, cada um com suas características próprias, como você poderá ler abaixo.

É comum ouvirmos por aí que a urina do sapo pode causar cegueira, isto também não é verdade! Como medida de higiene é sempre bom evitar contato direto com a urina, porém ela não é capaz de causar cegueira.

Alguns dos menores anfíbios do mundo vivem aqui no Brasil, e são pequenos sapinhos chamados popularmente de sapinhos pingo de ouro, que geralmente medem em torno de um centímetro quando adultos.

O ramo da ciência que estuda os anfíbios (e também os répteis) é conhecido como herpetologia.

Grupos

SAPOS, RÃS E PERERECAS
(Anura Ou Salientia)

É o mais numeroso grupo dos anfíbios e o Brasil é um ótimo representante: o país que possui a maior riqueza de espécies.

Os sapos tem a pele rugosa e mais áspera, pernas e braços curtos e duas grandes glândulas na cabeça (glândulas parotoides) que possuem um veneno cardiotóxico. Normalmente eles se movimentam pelo chão, ou seja, são terrestres.

As pererecas tem a pele lisa e úmida. Discos adesivos nas pontas dos seus dedos permitem que grudem em folhas, escalem árvores (arborícolas) e paredes.

Rhinella icterica, também conhecida como sapo-cururu. DEntro do círculo branco, detalhe da glândula parotoide de Rhinella icterica, produtora de veneno. Foto: Rodrigo Lingnau.
Rhinella icterica, também conhecida como sapo-cururu. Dentro do círculo branco, detalhe da glândula parotoide de Rhinella icterica, produtora de veneno. Foto: Rodrigo Lingnau.
Boana faber, uma perereca de tamanho grande. Detalhe dos discos adesivos na ponta dos dedos. Foto: Rodrigo Lingnau.
Boana faber, uma perereca de tamanho grande. Detalhe dos discos adesivos na ponta dos dedos. Foto: Rodrigo Lingnau.

As rãs tem a pele muito lisa, úmida e escorregadia. Os dedos são finos e longos e possuem membranas entre eles (chamadas interdigitais) que auxiliam na natação. Vivem em banhados e lagoas e algumas são comestíveis.

Limnomedusa macroglossa, uma rã de corredeiras. Foto: Rodrigo Lingnau.
Limnomedusa macroglossa, uma rã de corredeiras. Foto: Rodrigo Lingnau.
Detalhe das membranas interdigitais de Lithobates catesbeianus, que auxiliam na natação. Foto: Felipe Toledo.
Veja de perto. Detalhe das membranas interdigitais de Lithobates catesbeianus, que auxiliam na natação. Foto: Felipe Toledo.

COBRAS-CEGAS
(Gymnophyona ou Apoda)

Pouco mais de 30 espécies são conhecidas no Brasil. São muito difíceis de encontrar e geralmente são confundidas com grandes minhocas e alguns répteis. Não possuem membros locomotores e seus olhos são muito reduzidos. As cobras-cegas vivem debaixo da terra em galerias que elas mesmas escavam.

Gymnophiona Siphonops paulensis, um anfíbio super diferente. Foto: Ivo Rohling Ghizoni Junior
Gymnophiona Siphonops paulensis, um anfíbio super diferente. Foto: Ivo Rohling Ghizoni Junior

Salamandras
(Urodela ou Caudata)

Há apenas cinco espécies ocorrentes no Brasil, todas da Amazônia. Sua pele é lisa, e sua forma é muito semelhante à de uma lagartixa, tendo o corpo alongado e braços e pernas curtos.

Salamandra Bolitoglossa tapajonica. Um anfíbio com jeito de lagarto. Foto: Selvino Neckel.
Salamandra Bolitoglossa tapajonica. Um anfíbio com jeito de lagarto. Foto: Selvino Neckel.